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Archive for the ‘Brasil’ Category

Por Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

O Ministério da Saúde aumentou em 31,85% o valor das diárias pagas por paciente internado em hospitais psiquiátricos e gerais. Também destinou R$ 98,3 milhões para internações curtas (até 20 dias) de pacientes com transtornos mentais ou para tratamento de usuários de álcool e drogas, de acordo com portarias publicadas hoje (3), no Diário Oficial da União.

Em junho deste ano, o ministro já havia anunciado R$ 117 milhões para o Plano Emergencial de Ampliação do Acesso para Tratamento de Álcool e Drogas (PEAD 2009-2010). Com o reforço financeiro dado agora, os investimentos para o setor chegam a R$ 215,3 milhões, o que permite a criação de mais 73 centros de atendimento psiquiátrico país afora.

Com isso, o país passa a ter 1.467 desses centros, com aumento de 246% em relação a 2002, segundo o coordenador-geral da área técnica de Saúde Mental do ministério, Pedro Gabriel Delgado. “Passamos, em sete anos, de uma cobertura de atendimento em saúde mental de 21% da população para 60%”, com parâmetro em um centro para cada grupo de 100 mil habitantes”, disse ele.

O valor das diárias de internação nos hospitais gerais sobe de R$ 42,47 para R$ 56,00, e nos hospitais psiquiátricos as diárias que hoje variam de R$ 29,90 a R$ 45,21 passam a vigorar com preços entre R$ 35,58 e R$ 49,70.  A expectativa é de que, com o a reajuste, os hospitais ampliem os atuais 2.573 leitos para tratamento de saúde mental em mais cerca de 2.300 novos leitos

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No Amazônia

 

Alzheimer é “subestimado”, dizem cientistas britânicos. Número de pacientes deverá dobrar a cada 20 anos.

 

Mais de 35 milhões de pessoas sofrem do mal de Alzheimer hoje em dia, e a previsão é de que o número de casos quase dobre a cada 20 anos, de acordo com novo estudo do King’s College of London. O número é 10% maior do que as previsões de alguns anos atrás porque as estimativas não levaram em consideração o crescente impacto da doença sobre países em desenvolvimento.

A expectativa é de que se chegue a 115 milhões de pacientes em todo o mundo até 2050. O estudo é parte do ‘World Alzheimer Report’, divulgado pela Alzheimer’s Disease International.

Segundo o relatório, o aumento da demência está sendo impulsionado pelo aumento da expectativa de vida em países mais pobres. Apesar de a idade ser o principal determinante do mal de Alzheimer, alguns outros fatores que causam doenças cardíacas – como obesidade, colesterol alto e diabetes – parecem aumentar também o risco de demência.

O custo de cuidar dos pacientes de demência não é só uma questão social, mas também econômica, aumentando a carga sobre a população economicamente ativa e os sistemas de saúde, afirma o relatório. Os avanços nos tratamentos de saúde e nutrição vão ter maior impacto sobre países pobres e, como resultado, o número de idosos deve aumentar rapidamente nesses países.

Atualmente, calcula-se que apenas metade dos pacientes de demência viva em países pobres ou de renda média, mas a expectativa é de que esta proporção suba para mais de 60% dos pacientes até 2050. Além disso, o estudo sugere que a proporção de idosos que sofre de demência é mais alta do que se imaginava em algumas partes do mundo, aumentando as estimativas.

Segundo o psiquiatra Martin Prince, um dos autores do estudo, os números são impressionantes. ‘O atual investimento em pesquisa, tratamento e cuidados é, na verdade, bastante desproporcional ao impacto geral da doença sobre os pacientes, seus enfermeiros e terapeutas, nos sistemas de cuidados sociais e de saúde e sobre a sociedade’, diz ele.

Segundo a Alzheimer’s Disease International – uma organização que reúne grupos de vários países -, outros países deveriam seguir o exemplo de Austrália, França, Coréia do Sul e Grã-Bretanha e desenvolver planos de ação para combater o impacto da doença.

O relatório recomenda à Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar a demência como uma prioridade no campo da saúde e ainda um aumento no investimento em pesquisas para tentar encontrar a cura, ou novos tratamentos para a doença. Até hoje não há cura para o mal de Alzheimer e os remédios apenas aliviam os sintomas temporariamente. Os cientistas não têm, sequer, certeza do que causa a doença.

‘Aprendi a viver o presente e perder a ansiedade pelo amanhã’

‘Toda doença incurável tem um doente tratável’. É desta forma que a ex-presidente da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz Pará), Joana Scerne, define o tratamento para o portador do mal de Alzheimer. Aos 90 anos de idade, a mãe da engenheira agrônoma Olgarina Oliveira é portadora da doença há 11 anos. Joana conta que a mudança de comportamento foi um dos primeiros sintomas manifestados. ‘A doença começa com um prejuízo na memória recente e as lembranças do passado surgem com detalhes. As medicações atenuam, mas, ao ser diagnosticado, o apoio e a aceitação da família são fundamentais’, diz.

Joana explica que o portador de Alzheimer precisa ser acompanhado por uma equipe de profissionais da saúde multidisciplinar. São eles: geriatra, psicólogo, psiquiatra, neurologista, fonoaudiólogo e terapeuta. ‘É importante nunca confrontar com o portador. A melhora do paciente depende dos médicos e, principalmente, da família, já que o doente vai precisar de atenção especial. Hoje, a minha mãe mora comigo e quando foi diagnosticado o problema pedi minha aposentadoria proporcional para ajudá-la em casa’, afirma.

Aulas de dança, cursos de pintura, hidroginástica e língua espanhola, auto-estima e memorização são as atividades praticadas por Olgarina diariamente. Joana explica que além de cuidar do portador, é necessário dar atenção para a saúde do cuidador. ‘A Abraz entra em cena neste momento. Nós trabalhamos a aceitação da família e como lidar com os sintomas, por meio de reuniões de grupo com profissionais de saúde’, diz. Diante da situação, Joana destaca que aprendeu ‘a viver o presente e perder a ansiedade pelo amanhã. O ensinamento de vida fez com que me tornasse um ser humano melhor, além de retribuir a gratidão com a minha mãe’, afirma.

Idoso não pode ser visto como estorvo

Para a médica geriatra Isabella Grandi, a incidência de casos na sociedade é provocada pelo aumento da longevidade e dos diagnósticos. ‘Casos de demência sempre existiram e vão sempre existir, o que ocorre é que temos uma população predominantemente idosa no país e os casos estão sendo mais diagnosticados’, afirma a médica, que também é parceira da Abraz, que hoje tem 200 associados.

Isabella acredita que o problema já se tornou de saúde pública. ‘A atenção ao idoso é fundamental. Ele não pode e nem deve ser tratado como estorvo para a sociedade. É necessária a implantação de políticas públicas de conscientização e tratamento. Os idosos precisam ser vistos com respeito e com dignidade como cidadãos’, disse.

Superar a negação da família ao tomar conhecimento do diagnóstico e a aceitação ao tratamento são os principais problemas apontados pela geriatra. ‘A negação, em alguns casos, é por desinformação e isso faz com que tempo seja perdido. Tempo é um fator primordial para o paciente, é como se a cada um ano de tratamento não medicamentoso correspondesse a dez anos da doença’, declara. De acordo com a médica, a maioria das pessoas descobre a doença quando já está instalada. O diagnóstico pode ser detectado, segundo ela, através de testes clínicos neuropsicológicos e de imagem.

 

Serviço – Reuniões da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz Pará) são realizadas toda terça-feira à tarde, na Arquidiocese de Belém (Governador José Malcher). Informações: (91)3225-0429.

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HIVBr18 passou por checagens de laboratório com resultados inéditos. Pesquisa iniciada em 2002 espera verba para teste com macacos.

Ricardo Muniz

Do G1, em São Paulo

Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) estão desenvolvendo uma vacina contra o HIV, o vírus da Aids, baseados em um plano só testado no Brasil. De aproximadamente 200 conceitos de imunizantes anti-HIV imaginados ao longo de 25 anos de luta contra a doença, o desenho da HIVBr18 é o único que mira “regiões conservadas” do vírus – trechos que não passam por mutações. Com a identificação desses alvos fixos, o imunizante brasileiro pode chegar a ser mais eficaz do que os quase 30 que passam atualmente pelo crivo dos ensaios clínicos.

O problema, como sempre, é dinheiro para seguir o ritual obrigatório de checagens. Iniciado em 2002, o projeto consumiu R$ 1,2 milhão e agora precisa de US$ 600 mil só para fazer um tira-teima com macacos-resos na Universidade de Wisconsin – não há centros de primatologia no Brasil capacitados para assumir essa etapa. O degrau é pré-requisito para a necessária – e custosa – sequência de ensaios clínicos, os testes humanos propriamente ditos. São três fases, divididas basicamente pelo número de voluntários participantes. Para que se tenha uma ideia, são necessários US$ 50 milhões a US$ 150 milhões para tocar uma fase 3.

“Nenhum conceito de vacina contra a Aids usa as premissas que estamos usando. Ela merece chegar a ensaio clínico”, disse ao G1 o especialista Edecio Cunha-Neto, chefe do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia da USP e da equipe que desenvolve a nova vacina. “Além disso, nós temos a propriedade intelectual da vacina, pois, até o momento, o desenvolvimento foi totalmente realizado em nosso País.” A patente da HIVBr18 foi depositada no Brasil em setembro de 2005, e nos Estados Unidos e na União Europeia em 2007. Etapas do estudo estão sendo apresentadas pelos brasileiros nesta terça-feira (20) e amanhã em Paris, no Congresso Aids Vaccines 2009.

Vírus transformista
O trunfo do HIV é que o vírus é um fujão profissional, um vilão transformista. E ninguém até agora havia conseguido identificar e alvejar seu calcanhar de Aquiles. “As enzimas que replicam o vírus são falhas, então há muitas mutações”, explica Cunha-Neto. “Algumas são prejudiciais para o vírus, mas outras conferem vantagens. Pelos mecanismos de seleção natural, essas últimas vão prevalecendo.”

Com isso, os cientistas acabavam se deparando com a situação inglória de gastar anos de estudo e muito dinheiro para criar um arsenal que só funciona em um alvo e, na hora H, perceber que o alvo já virou outra coisa, na qual o míssil não faz nem cócegas. Assim, as vacinas já testadas fracassaram porque foram tapeadas pelo agente causador da Aids. Funcionaram em alguns casos, mas simplesmente não foram reconhecidas em outros tantos.

As “velhas estratégias” para lidar com esse pesadelo obedecem a duas premissas clássicas: elas usam proteínas inteiras do HIV e se concentram em gerar linfócitos T do tipo CD8 citotóxico, o pelotão de fuzilamento de células infectadas. Os pesquisadores da USP, sob coordenação de Cunha-Neto, resolveram identificar os trechos permanentes ou “fixos” do HIV por meio de um software – acharam e testaram 18 fragmentos – e embuti-las artificialmente em uma “vacina de DNA”.


Patente do HIVBr18 foi registrada no Brasil em 2005; nos EUA e União Europeia, em 2007


“Partimos da consideração de que talvez não fosse o ideal simplesmente usar algo pronto da natureza (as proteínas inteiras), porque elas estão sempre prontas para escape – como ocorre na própria infecção pelo HIV”, explica o imunologista. “Um algoritmo identificou, a partir de uma base de dados, regiões conservadas que se ligam à maioria dos tipos de HLA de classe 2 (os antígenos leucocitários humanos, moléculas capazes de estimular uma resposta imune que variam muito de pessoa para pessoa). Fabricamos esses segmentos protéicos e confirmamos com testes bioquímicos. Foram fabricados 18 peptídeos que, no conjunto, pegavam todos os HLA mais comuns na população.”

Testada com 30 pacientes soropositivos, 91% reconheceram as iscas. O objetivo buscado aqui foi, teoricamente, melhorar a cobertura vacinal em populações geneticamente heterogêneas, ou seja, fazer com que mais pessoas desenvolvessem respostas imunes contra o HIV após receber a vacina.

Linfócito T CD4

Além disso, a equipe decidiu investir em outro linfócito T, o do tipo CD4. “Não adianta muito ativar o CD8 e só, porque ele é inapelavelmente dependente do CD4 para ser gerado e subsistir com capacidade destruidora. Sem o CD4, o CD8 tem curta duração. O CD4 não era alvo nos conceitos tradicionais de vacina”, diz Cunha-Neto.

Com a incorporção da pesquisadora Daniela Rosa, a pesquisa ganhou novo impulso. Foi então que as 18 sequências foram colocadas em um plasmídeo, um anel de DNA, criando uma “proteína estranha”, quimérica. Na verificação de magnitude após a injeção, os testes indicaram uma alta proliferação e produção de citocinas, as proteínas que funcionam como mensageiros para ajudar na regulação de uma resposta imune. Já na checagem de amplitude em camundongos transgênicos para HLA humanos e portanto parcialmente “humanizados”, 16 das 18 sequências foram reconhecidas.

Os oito anos da jornada para viabilizar a HIVBr demandaram financiamento da Fapesp, do Programa Nacional DST/Aids do Ministério da Saúde, do CNPq através do INCT-Instituto de Investigação em Imunologia, e do Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia (Itália). Além dos 8 pesquisadores do núcleo, outros 7 profissionais atuaram como colaboradores em diferentes estágios do trabalho, como, por exemplo, no desenvolvimento do software para isolar as sequências fixas do HIV.

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